14 de dez. de 2015

Ordem e Amor




"Se uma criança assumir algo no lugar de seu pai ou de sua mãe, ela se coloca acima deles, por exemplo, quando assume uma culpa no seu lugar. Isto contraria a ordem original.
Toda violação da ordem original fracassa. Todas as grandes tragédias seguem o mesmo padrão, sejam elas as tragédias gregas, as de Shakespeare ou as em famílias. Nesse contexto há dois movimentos na alma do herói que se opõem. Quando, por exemplo, um filho assume algo no lugar de seu pai tem a consciência tranquila. Sente que o ama e que é inocente. Ao mesmo tempo rompe com a ordem original. Ela é uma ordem inconsciente, originou-se numa outra consciência, na consciência coletiva. Ao mesmo tempo, então, que o filho assume algo de consciência tranquila para o seu pai, viola uma outra ordem apesar da sua consciência tranquila ou, talvez, justamente por tê-la tranquila. Por este motivo fracassa, porque essa outra consciência castiga essa violação da ordem original com o fracasso e o declínio. É por esse motivo que as grandes tragédias terminam com a morte daqueles que pensavam estar fazendo o bem.
Todos os heróis nas tragédias são crianças. Em suas almas, são crianças, querem fazer algo bom para alguém na família. Por exemplo, querem vingar ou salvar alguém, mas não têm esse direito, por esse motivo fracassam. Essa consciência da qual não nos damos conta é representada pelos deuses nas tragédias. Eles impõem a ordem original. Isso é prova de que essa ordem tem precedência em relação à ordem da consciência tranquila." - 


Bert Hellinger